País referência da indústria moveleira, a Itália tem como grande aposta a produção com foco no usuário, com diferencial na oferta de serviços agregados. As tendências desse mercado líder do segmento estiveram em discussão no Giro Móveis, promovido pelo Sistema FIRJAN, por meio do SENAI. O evento, que ocorreu em Petrópolis no dia 12 de julho, levou informações de qualidade aos empresários do setor, com base nas pesquisas feitas em missão setorial à Itália, realizada em maio.

 

 

De acordo com Hugo Gripa, especialista técnico de Mobiliário da FIRJAN, as fábricas italianas têm investido mais no planejamento e posicionamento estratégico do que em ferramentas para produzir, pois é nessa etapa que se desenvolve a inteligência para saber como alcançar o cliente final. “Dessa forma, as indústrias conseguem entender os desejos do usuário, o que permite atrelar mais serviços e ter um melhor posicionamento da marca, direcionando a produção de forma eficiente”, destacou.

 

Outra tendência presente nessa indústria é o design, que vai além de uma ferramenta de diferenciação, tornando-se um instrumento de comunicação com o cliente. A customização de produtos, os trabalhos em redes, a preocupação com sustentabilidade e a flexibilidade da produção para atender à volatilidade da demanda também são valores importantes do setor moveleiro italiano.

 

“A Itália continua aliando tradição ao design. Isso cria uma distinção em relação a outros mercados, e é um modelo que podemos seguir no Brasil também”, disse Gripa.

 

 

Protótipos e novos materiais

 

A produção italiana se destaca ainda pelo uso de novos materiais, como dispositivos de fixação de plástico, em substituição à madeira, e outras ferramentas em plástico para usos manuais. Da mesma forma, também surgem novos equipamentos, próprios para produção automática e sob medida de embalagens, que ganham cada vez mais importância no fluxo produtivo.

 

Os móveis italianos são pensados de acordo com as novas demandas da construção civil: adaptáveis a ambientes mais reduzidos, funcionais e flexíveis. Segundo Gripa, outra novidade observada na missão foi o uso da tecnologia da Internet das Coisas (IoT) aplicados ao mobiliário, como mesas de trabalho inteligentes que executam funções automaticamente. “Reparamos que a indústria tradicional caminha para a automação”, afirmou.

 

Para Claudio Lopes, vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção, Mobiliário, Mármores e Granitos da Baixada Fluminense, Angra dos Reis e Paraty (Sinconcimo), o Giro Móveis é uma oportunidade para o setor obter informações relevantes e pensar em novas perspectivas. “O encontro propicia a troca e o entendimento do que podemos fazer a partir dessas tendências. Mesmo sabendo que nossa indústria ainda está distante da realidade 4.0, sabemos que o caminho é esse”, defendeu o empresário, que também é sócio da Pereira e Lopes Indústria de Móveis.

 

Na avaliação de Gil Grosman, diretor do Sindicato das Indústrias de Móveis do Rio de Janeiro (Sim-Rio), é possível adaptar tendências do setor moveleiro italiano para o estado do Rio, promovendo o incremento do setor. “A filosofia de focar no usuário cria um diferencial muito importante, porque o que vale hoje é o conforto, a ergonomia, que vai agregar valor ao produto, e podemos aplicar na nossa indústria”, pontuou.

 

O Giro Móveis aconteceu entre junho e julho e percorreu a capital e diversas cidades do interior do estado fluminense.